O impacto dos juros elevados no dia a dia
O Brasil é historicamente marcado por altas taxas de juros. Em março de 2025, a taxa Selic estava em 13,25% ao ano, segundo o Banco Central do Brasil. Esse patamar encarece o crédito e impacta diretamente famílias e empresas.
Para o consumidor, isso significa que um atraso no cartão de crédito pode rapidamente se transformar em uma dívida impagável. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças (ANEFAC) , os juros do rotativo do cartão ultrapassam 400% ao ano em alguns casos. Para empresas, especialmente as que dependem de capital de giro, uma variação de apenas 1% ao mês pode consumir margens inteiras.
Nesse cenário, planejamento financeiro deixa de ser recomendação: torna-se questão de sobrevivência.
1. Orçamento ajustado: cortar excessos e priorizar o essencial
Um bom planejamento começa pela revisão do orçamento. Segundo o Banco Mundial, famílias que controlam seus gastos fixos e variáveis têm maior resiliência em períodos de instabilidade econômica.
Exemplo prático:
● Uma família que ganha R$ 6.000 e reduz R$ 800 mensais em delivery e assinaturas acumula quase R$ 10 mil em um ano.
● Uma pequena empresa que renegocia contratos de software duplicados pode reduzir em até 8% os custos fixos mensais, preservando margem de lucro.
O método 50/30/20 (50% necessidades, 30% desejos, 20% investimentos/reserva) é uma ferramenta simples para equilibrar as contas.2. Dívidas: prioridade máxima em tempos de Selic alta
Segundo a Febraban, em média, 70% das famílias brasileiras possuem algum tipo de dívida, e os juros elevados tornam a inadimplência ainda mais perigosa.
Exemplo:
● Uma dívida de cartão de crédito de R$ 5.000 a 12% ao mês gera quase R$ 600 de juros mensais.
● Ao migrar essa dívida para um empréstimo pessoal a 2% ao mês, o custo cai para R$ 100 — economia de R$ 500 todo mês.
Para empresas, a consolidação de dívidas caras em linhas de crédito mais baratas é uma estratégia essencial para preservar o fluxo de caixa.
3. Reserva de emergência: o colchão contra
Imprevistos
Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), mais de 40% das famílias não têm qualquer reserva financeira, o que aumenta a vulnerabilidade diante de crises.
Recomendações práticas:
● Pessoas físicas devem acumular de 3 a 6 meses de despesas fixas em aplicações
de liquidez imediata (Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária).
● Empresas devem manter pelo menos 3 meses de custos fixos em caixa,
garantindo sobrevivência em períodos de queda nas receitas.
4. Investimentos em renda fixa: os juros altos também geram oportunidades
Se por um lado o crédito fica caro, por outro a renda fixa se torna atraente. Segundo a
Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a captação líquida em fundos de renda fixa cresceu mais de 60% em 2024, reflexo da busca dos investidores por segurança e rentabilidade.
Exemplo:
● Um investimento de R$ 10.000 em CDB que paga 110% do CDI rende cerca de R$ 1.300 em um ano, com baixo risco.
Diversificação entre prefixados, atrelados à inflação e pós-fixados é essencial para
equilibrar ganhos e proteger contra cenários de incerteza.
5. Educação financeira: o maior ativo de longo prazo
Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico),
países com maior índice de educação financeira apresentam menores níveis de
endividamento e maior poupança per capita.
Para famílias, compreender juros compostos e planejar aportes mensais faz toda a
diferença. Um jovem que investe R$ 500 por mês pode acumular mais de R$ 700 mil em 30
anos, graças ao efeito dos juros compostos.
Para empresas, metodologias como fluxo de caixa descontado e metas SMART ajudam a
tomar decisões mais estratégicas e reduzir riscos de endividamento excessivo.
6. Planejamento dinâmico: adaptabilidade como vantagem competitiva
Planejar não significa engessar. O uso de ferramentas como Rolling Forecast (projeção
contínua) é cada vez mais adotado por empresas resilientes. Segundo a Harvard Business
Review, companhias que revisam previsões trimestralmente têm 30% mais chances de reagir com rapidez a mudanças no mercado.
Da mesma forma, famílias que revisam o orçamento mensalmente conseguem se adaptar melhor a imprevistos como aumento de preços ou perda de renda.
Conclusão: agir hoje para colher amanhã
Os juros altos trazem riscos, mas também oportunidades. O segredo está em:
✔ Revisar custos e eliminar excessos
✔ Renegociar ou quitar dívidas caras
✔ Fortalecer a reserva de emergência
✔ Investir de forma inteligente em renda fixa✔ Desenvolver educação financeira contínua
✔ Manter um planejamento flexível e dinâmico
Segundo o Banco Central, os ciclos de juros no Brasil são longos e imprevisíveis. Por isso, agir hoje é fundamental para proteger seu patrimônio e garantir tranquilidade financeira no futuro.
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